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Recessão iminente, segundo o The Conference Board

Introdução

Ainda permanece a disputa entre duas narrativas no mercado em relação ao destino da maior economia do planeta. A mais otimista aposta em apenas uma desaceleração (soft landing) e a outra em uma recessão (hard landing). Neste último caso, são raros os analistas que acreditam que uma eventual recessão seria aguda. Dados mais recentes aumentaram a chance da hipótese mais pessimista, ou seja, de recessão, mas sem indicações de que seja aguda.

O economista do Fed, Michael Kiley, publicou em 16 de janeiro de 2023, uma nova pesquisa analisando os sinais de alerta de uma recessão nos EUA. Conclui que os indicadores antecedentes, financeiros e macroeconômicos, que enfatizam os seus momentum’s podem fornecer um sinal valioso em um horizonte mais curto. É o que faz o The Conference Board (TCB) que extrai sinais da taxa anualizada da média móvel de seis meses do seu indicador macroeconômico antecedente, composto por diversos indicadores financeiros e macroeconômicos.

 

Sinais do indicador antecedente composto dos EUA

O The Conference Board Leading Economic Indicator da economia dos EUA – indicador econômico antecedente composto (LEI) – caiu -1% em dezembro, antecedido por um recuo de -1,1% em novembro. No período de seis meses o LEI agora caiu -4,2%, entre junho e dezembro de 2022, – uma taxa de declínio muito acentuada. 

No acumulado de seis meses, os componentes que mais contribuíram para a deterioração do LEI foram os indicadores não financeiros, com destaques negativos para a expectativa dos consumidores, ISM Services – mostrado neste espaço no início de dezembro – e novas construções imobiliárias. Os componentes financeiros contribuíram positivamente, mas muito pouco. 

Em dezembro os componentes pesaram negativamente, mas sem estragos materiais. Entre os componentes não financeiros, o destaque negativo ficou por conta do ISM Services, o setor de mais importante da economia do país.

 

O que dizem os estrategistas do TCB

“O LEI dos EUA caiu acentuadamente novamente em dezembro – continuando a sinalizar uma recessão para a economia dos EUA no curto prazo”, disse Ataman Ozyildirim, diretor sênior de economia do The Conference Board. “Houve uma fraqueza generalizada entre os indicadores antecedentes em dezembro, indicando condições deterioradas dos mercados de trabalho, manufatura, construção de moradias e mercados financeiros nos próximos meses. Enquanto isso, o índice econômico coincidente (CEI) não enfraqueceu da mesma forma que o LEI, porque os indicadores relacionados ao mercado de trabalho (emprego e renda pessoal) permanecem robustos. Ainda assim, a produção industrial – também componente da CEI – caiu pelo terceiro mês consecutivo. É provável que a atividade econômica geral se torne negativa nos próximos trimestres, antes de se recuperar novamente no último trimestre de 2023”.

Cabe lembrar que o alcance do indicador antecedente composto do The Conference Board não tem o alcance acima de três meses, talvez um pouco mais. Qualquer comentário de Ozyildirim além desse período não passa de uma inferência de um economista, sem dados concretos. 

 

Conclusão

Para o instituto, que no passado foi responsável pela elaboração do indicador antecedente oficial da economia do país, já caiu abaixo do nível que soa o alarme (traços na cor preta) e teria já ingressado na zona de perigo (traços vermelhos). O lead time (tempo de antecipação) desse indicador é de cerca de um trimestre, obviamente com desvios ligeiramente enviesados para cima.

Portanto, o indicador antecedente do The Conference Board já se encontra em região que, quando foi atingida no passado, resultou em recessão nos meses seguintes. É um sinal que merece atenção, todavia o investidor não deve se esquecer que não existe holy grail no mercado, devendo se manter atento aos indicadores antecedentes  macroeconômicos a fim de calibrar melhor as probabilidades de cada cenário possível.

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